Introspecção - O que a gente leva e não se dá conta

A gente sempre vive a melhor fase achando que é a pior. Simplesmente pelo desprazer de dizer 
que era feliz e não sabia.

São vinte e tantos anos, e, se for parar pra pensar isso nada significa porque cada ano sabe a dor e a delicia da experiência que nos proporciona. Passei pela fase dos desenhos coloridos. Da falta que a falta do que fazer ao acordar causava. Do cobertor no sofá o dia inteiro. Dos travesseiros encharcados pelas lágrimas sofridas de um choro bobo. Do coração partido por amores que na verdade mais se pareciam com uma prisão de ventre, que quando passa alivia até a respiração. De deixar oportunidades passar por medo que a felicidade passasse e deixasse a dor mais uma vez pra eu cuidar. De cantar desesperadamente no chuveiro pra abafar problemas que pareciam sem solução. Às vezes viver mais se parece com caminhar sobre carvão em chamas.

Vivo dias que pelo menos metade das coisas quero esquecer. Torço para que o ponteiro das horas virem os que contam os segundos, e que os segundos andem tão depressa que se tornem vultos. É bom que o dia passe despercebido: pela correria das atividades que por vezes me sufoca, pelo stress que o acumulo de pessoas nas plataformas, nos transportes coletivos e na mente, me causa. Pelo aperto de todo mundo que também se sente apertado. Pela vontade de me dedicar a fazer o que gosto, e que isso me sustente. Pelas contas que brotam e não acompanham o dinheiro que entra...  É bom quando o dia vira noite, mas seria melhor se ela viesse mansinha e que não copiasse os perrengues do céu ainda claro.

Costumo não reclamar de muita coisa, mesmo com os olhos pesados e os ombros cansados. É que já vi gente sendo feliz alimentando uma bomba atômica no organismo, e ali adotei uma filosofia de que reclamar não soluciona problema algum. E sorrir é o melhor remédio para tudo, para todos, mesmo que às vezes seja só um cuidado paliativo, só uma maneira de simplesmente fugir. Tenho todos os sonhos do mundo presos em algum lugar do peito protegidos por uma camada generosa de pensamentos lógicos, e por soldados fortemente armados de responsabilidades e obrigações.

Posso riscar planos. Cancelar compromissos. Mas nunca cortar minhas asas.

Andei blindada. E ainda que necessitasse não me permitia sentimento algum. Dei um ultimato para o tempo e por nunca gostar de esperar. Só esperava ser surpreendida. E de tanto pisar em ovos com essa coisa de emoção a vida veio e num lampejo de solidariedade – talvez não tenha sido solidariedade, mas sim tudo o que tem que ser e a gente não tem ideia do quanto precisa aguardar – e trouxe todas as respostas pra tudo o que me perguntei durante essa breve vida.

Tenho um sorriso pra me motivar pelas manhãs, ainda que o cansaço me amoleça as pernas. Uma voz pra me lembrar de que eu posso ser melhor a cada dia, mesmo que o cinza do céu não me motive a sair da cama. E um motivo pra aprender a pensar no futuro, e que a individualidade misturada à palavra 'nós' se transforma em juntos-somos-ainda-melhores. E apesar do medo que às vezes bate em não conseguir ser o melhor que você precisa pra ser feliz. Eu prometo me arriscar, e não economizar em nada que nos proporcione os melhores momentos. Principalmente por ter certeza de que tudo que precisamos para uma vida juntos é a simplicidade de um abraço. E a cumplicidade do encontro dos nossos olhos.

Nem todo mundo precisa saber o que é ser bem-sucedido, para viver como se tivesse a maior riqueza da terra.

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