Uma dose para três - Cap V

Ficamos em silêncio até nossas bebidas chegarem, a mesma garçonete que anotou os pedidos, que as trás, bebo um gole de meu suco e ele está ótimo, bem suave. Não falo nada ainda, não quero parecer que estou forçando um assunto. Olho em volta no bar e percebo o movimento, está bem tranquilo, há grupos de amigos, casais, homens, mulheres, todos sentados em mesas conversando, muitas vozes em melodias e tons diferentes, formando um barulho só quando juntas. Me perco em meio a este pensamento quando Jonathan me olha e diz:
- Posso te perguntar uma coisa?
- Claro. - Eu digo.
- É verdade que você era apaixonada por mim quando fazíamos francês juntos? - Eu fico parada, não sei nem o que dizer. Como ele sabia? Como? Mas não vou mentir, vou ser corajosa, pelo menos uma vez na vida, afinal esta é a única chance que eu tenho com ele, se é que tenho alguma.
- Eu era sim, mas na época você se interessou por Sarah, e eu não queria atrapalhar, portanto segui com minha vida.
- Entendo. Mas, que fique claro, eu acho você atraente sim, mas como Sarah foi uma presa tão fácil, eu apenas me deixei levar. - Meu Deus, ele me acha atraente. 
- Tudo bem Jonathan, você não me deve explicações, e isto aconteceu faz muito tempo, creio que não há mais relevância.
- Eu sei, mas agora que estamos próximos eu gostaria que tudo ficasse claro entre nós. - Ele retruca.


Enquanto o silêncio pairava sobre nós a garçonete retorna a nossa mesa com a lula frita, que vem em uma porção generosa, acompanhada de uma maionese temperada e um molho tártaro - parece delicioso. Antes de deixar a mesa a garçonete dá uma piscada para Jonathan, mas ele finge que não vê. 
- Então... vamos ficar em silêncio o resto da noite? - Ele pergunta.
- Não. - Eu rio.
- Sobre o que você quer falar? - Ele pergunta.
- Sobre você. - Retruco.
- Sobre mim? - Ele parece surpreso.
- Sim, como por exemplo, o porque de você e a Jéssica terem terminado. - Ele ficou branco, seu olhar escureceu, e eu sabia que não deveria ter feito essa pergunta, mas eu estava muito curiosa.
- Ela acha que eu estou tendo um caso. - Ele responde.
- Então você não está? - Retruco.
- Claro que não Julia, eu não sou assim!

Saboreamos nossa porção por inteiro sem trocarmos uma palavra, depois de terminar pedimos a conta, ao qual ele insistiu em pagar, -cavalheiro- eu penso mais uma vez. Mas o que mais me intriga é o porque deste interesse por mim justo agora, ele nunca havia olhado para mim antes, nunca havia demonstrado nada. Isto não parava de martelar em meus pensamentos.

Pagamos nossas coisas e fomos em direção á porta, saímos e fomos andando até a estação, eu tinha que pegar um metrô, então ele me acompanhou. Chegamos lá sem trocar olhares. Na despedida ele me deu um beijo no rosto, (eu havia esquecido como eram os lábios macios dele, eram divinos!) mas eu tinha que me concentrar, não podia deixar aquele homem maravilhoso me tirar dos trilhos, não agora que eu estava tão bem. Entrei na estação sem olhar para trás, esperei dois minutos até que meu trem chegasse, entrei, sentei perto da janela, peguei meu iPod e coloquei Sex On Fire do Kings Of  Leon no último volume, segui minha viagem pensando no seu sorriso, seu cabelo, seu toque. Porque agora? Isto não ia embora da minha cabeça de maneira alguma, eu precisa esvaziá-la. 

Minha estação chegou, desci do trem, fui caminhando em direção ás escadas rolantes, subi, e segui andando até a porta de saída, dali andei mais duas quadras e cheguei em meu apartamento. Quando abri a porta de casa senti um alivio, finalmente eu estava em casa depois de um dia DAQUELES. Eu precisava contar tudo o que havia acontecido para Elena, minha melhor amiga, mas ela estava muito ocupada com trabalho e todas essas coisas que eu não queria incomodá-la. Pelo menos não agora.

Nenhum comentário :

Postar um comentário

Dê sua opinião aqui! Estamos louca pra saber o que achou da postagem! E ah, obrigada por comentar <3

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...