Sobre sentimentos reais, reciprocidade e interesses

- Nossa, eu adoro presentes. Fico muito feliz quando ele aparece cheio de sacolas e me leva para sair em algum lugar que eu nunca teria coragem de pagar para alguém. Já te falei que ele trocou de carro duas vezes esse ano? Está no ultimo ano de Medicina (o que vai trazer um ótimo futuro de dinheiro pra ele). Ah menina e eu já te disse que a mãe dele nada no dinheiro? Não que eu ligue para isso. Mas sabe amiga preciso também pensar no meu futuro né. 

Começou bem assim um dialogo com uma amiga que tinha acabado um relacionamento ruim, nada saudável e sem futuro, e estava crente que estava apaixonada pelo melhor - bem de vida - amigo.

Juro que tentei ser o mais natural possível, mas a transparência é a minha melhor qualidade - ou pior defeito, hoje em dia eu não sei bem - e eu tenho certeza que a minha sobrancelha se arqueou numa expressão de duvida sobre o interior deste ser, fui dormir com isso martelando na minha cabeça. Enquanto ela tagarelava sem parar as qualidade do moço, eu me questionava sobre sentimentos. O que realmente leva uma pessoa a se apaixonar, permanecer apaixonada e chegar a amar. Cheguei a refletir na minha própria vida, e nas coisas simples que rondavam ela, sem nem precisar levar para o lado do relacionamento, nunca fui financeiramente bem afortunada, raramente tinha de imediato o que queria e aprendi que não precisava de muito pra ficar bem - me desculpa - mas associei com a vida dessa amiga, que passou toda uma vida sendo o paparico em forma de criança, tinha tudo o que todas as meninas sonhavam em ter.

E pode ser que essa seja a causa da empolgação pelos bens materiais do moço. Coitado.

Ela está encantada. E me procurou para que eu pudesse tentar achar uma solução. Uma resposta. Um caminho. A dúvida era se ela embarcava no relacionamento, ou deixava pra lá. Já que ele sempre foi o melhor amigo dela. Eu não consegui nada além de ficar surpresa e confusa. Enfim compreendendo porque nunca escolhi ser psicologa.

O grande ápice disso tudo é que o tempo inteiro em que permanecemos conversando - ela falando e eu monossilabicamente participando - o quadro de comparações entre o rapaz em que o relacionamento não deu certo e o príncipe que estava surgindo era de dar medo. Assustar mesmo.
Aparentemente parecia algo normal, se o contexto não fosse tão profundo. O relacionamento tinha chegado ao fim por questões trágicas. Ela admitiu ser extremamente controladora, exigente e ciumenta ao passo que ele passou a ser obcecado por ela, viviam entre tapas e beijos no pior sentido da canção brega.

Ela implicava com o fato do rapaz não ter perspectiva de vida nenhuma, viver encostado a estabilidade que o negócio da família trazia. E não estar disposto a proporcionar passeios e presentes caros todos os meses para ela. Enquanto o príncipe em formação, era o poço de carinho (tinha carro carinho, podia dar tudo carinho... ha ha) tinha um futuro brilhante pela frente, afinal ia ser médico oras. A família tinha um poder aquisitivo em potencial. E ao que todos os sinais - invisíveis - indicavam também estava louco por ela. Fiquei pensando, pensando... queimando neurônios tentando chegar a algo palpável. E nada.

Pra mim quando você está apaixonado por alguém, ou pretende se apaixonar. A química, a magia, o borógódó da coisa toda, fica piscando no lado prioridade. E logo você começa a imaginar a construção do futuro em conjunto, preservando a individualidade de cada um, mas andando na mesma direção. Se um cair o outro vai estar ali pra rir e te ajudar a levantar ao mesmo tempo. Mas isso pra mim.

Ou seja, me senti uma admiradora de castelinhos no final da conversa toda. Afinal pra ela o que impera é a lei da compensação. Dane-se o mundo. Quero viver confortável, não interessa se eu to amando ou não. Talvez exista uma capsula de sentimento na farmácia e eu não sei... O que eu sei é que no fim das contas torço para que tudo dê certo, independente das escolhas, dos bens materiais e do passado que sopra sem dó. Que a sinceridade se implante no dia a dia para que a realidade dos sentimentos substitua o interesse das coisas. E que ela seja feliz. Já que cada um é responsável por tudo que deseja ser e ter na vida.

Um comentário :

  1. Nossa adorei o blog e o texto ta lindo! Acabei de começar o meu (tipo acabei mesmo) haha Se você tiver um tempinho...
    http://toxicmay.blogspot.com.br

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